Naturalmente, o surgimento de uma nova rede social desperta o interesse de muita gente e desencadeia uma corrida para fazer parte. E, quando esse movimento vem potencializado pelo apelo da exclusividade, o interesse só aumenta. É isso que temos observado nos últimos dias com o aplicativo Clubhouse. Desenvolvido pelo empresário do Vale do Silício, Paul Davison, e pelo ex-funcionário do Google, Rohan Seth, foi lançado em março de 2020, mas só ganhou visibilidade com as participações recentes feitas por alguns perfis influentes no Brasil e no mundo.

O desejo de fazer parte da rede, além do fator curiosidade, é provocado pelos fatos de que apenas convidados podem acessar e de estar disponível apenas para o sistema iOS. Por outro lado, levando em conta a rapidez de adaptação das outras plataformas, novas soluções desse tipo devem estar disponíveis muito em breve. 
Com todo esse burburinho, já há discussões sobre os pontos positivos e os pontos negativos da plataforma. A principal fraqueza pode estar relacionada à moderação, que pode não ser tão segura para barrar discursos de ódio. 

Do outro lado, o aplicativo representa um universo de oportunidades para as marcas (saiba mais abaixo). Além disso, tem grande potencial de crescimento pois está alinhado ao interesse das pessoas por conteúdos em áudio – a mídia que mais cresceu no Brasil em 2020. 

Para as marcas ansiosas em fazer parte, talvez o melhor caminho seja monitorar o crescimento do público e o sucesso da plataforma mais a médio prazo, para depois avaliar uma participação mais ativa em fóruns de discussão no sentido de amplificar suas mensagens. 

Podemos considerar que o uso da voz como principal elemento de conexão tende a humanizar a troca neste ambiente e isso pode ser um fator positivo, influenciado até mesmo pelo distanciamento provocado pela pandemia. É interessante observar também a adesão das comunidades de empreendedorismo e de investimento. A facilidade de trocas entre startups e investidores potencializa a descoberta de novos negócios. Essa seria mais uma oportunidade para as marcas, no sentido de aproximar executivos e especialistas de seus públicos.

Visão geral

  • Clubhouse é uma plataforma ainda exclusiva para iOS e convidados, baseada em conteúdo de áudio, com menos de um ano de existência e ainda em versão beta
  • O objetivo do aplicativo é promover experiências “mais humanizadas”, onde os usuários podem se reunir e conversar com outras pessoas, aprofundando amizades, conhecendo gente e/ou aprendendo algo novo
  • A plataforma permite que o usuário entre em diferentes salas e disponibiliza uma grande variedade de temas. As pessoas podem escolher entre ser moderadoras, palestrantes ou ouvintes. 
  • As conversas acontecem somente por áudio e, quando finalizadas, são apagadas  

Potencial de crescimento

  • Embora, atualmente, o Clubhouse seja um aplicativo somente para convidados, a plataforma deve se tornar acessível para todos ainda em 2021
  • O aplicativo já foi baixado mais de 10 milhões de vezes, segundo dados do Sensor Tower, e networking é uma das principais razões para o aumento da popularidade
  • As pessoas estão reconhecendo o poder da voz e usando o Clubhouse para se reunirem para promover conversas relevantes que envolvem tópicos como reforma da justiça, desenvolvimento médico e leis constitucionais
  • Clubhouse recebeu cerca de US$ 100 milhões em financiamento. Entre as melhorias prevista estão novos recursos de acessibilidade e localização, para alcançar novos mercados, e testes de formatos para a monetização para criadores.

Impacto para as marcas 

  • O Clubhouse ainda está no estágio inicial. Portanto, as marcas devem monitorar o aumento de usuários e o sucesso da plataforma para posteriormente avaliar como o app impacta seu público e se ele somaria à sua estratégia de conteúdo
  • As marcas devem ter em mente que a plataforma é relativamente nova, então a experiência do usuário ainda não é a ideal:
  1. Algumas salas podem não ser tão facilmente detectáveis
  2. Faltam métricas
  3. Fraca moderação e muito espaço para discursos de ódio
  4. Limitação de acesso às salas devido à atual infraestrutura
  • A expectativa é que o uso da plataforma aumente assim que o Clubhouse lançar seu programa de monetização para criadores 
  • Atualmente não há exemplos de marcas que usam o Clubhouse, mas algumas já estão entrando e criando perfis na plataforma
  • A plataforma é uma boa oportunidade para as marcas se conectarem com seus públicos de maneira criativa, podendo atrair milhares de usuários por meio de atividades, como: talk shows diários, game shows, palestras e performances (comédia, musicais).

Ainda é cedo para definir como será o futuro da plataforma. Mas, como comunicadores curiosos que somos, vale acompanhar atentamente cada novidade dessa história. 

Fabiana Ribeiro é Gerente de Digital na Edelman Brasil