No dia 6 de janeiro de 2021, eu não podia acreditar no que eu estava vendo e escutando. Antes que a cobertura completa se espelhasse pelas televisões e telas de computadores, eu estava recebendo mensagens de meus familiares e  amigos na região, preocupados com o que estava por vir. Como uma nativa de Washington, era difícil imaginar que minha cidade natal, meu próprio quintal, estivesse sob ataque. As notícias se desenrolaram lentamente: a princípio, não sabíamos a magnitude das ações dessa insurreição, a extensão de seus danos ou a mancha duradoura que deixariam na história de nossa nação.

Os primeiros momentos de incerteza foram assustadores. Numa era onde tweets chegam antes de artigos, era díficil ter certeza do que estavamos ouvindo. O que estava exatamente acontecendo e o que era desinformação? Enquanto esperávamos por respostas, eu estava com medo de que qualquer atraso em ações de minha parte pudesse ter grandes implicações para nossos colegas em DC. Eu estava perdida no que se tratava de proteger e informar minha equipe quando eles mais precisavam de mim.

Minha incerteza veio em um momento de maior responsabilidade para empresas e empregadores como fontes confiáveis ​​de informação. Quase metade dos entrevistados pesquisados ​​no Edelman Trust Barometer 2022 veem a mídia como uma força desagregadora, e suas preocupações com notícias falsas atingiram um recorde histórico (76%). “Meu empregador” continua sendo a instituição mais confiável (77%), com comunicações de “meu empregador” sendo vistas como a fonte de informação mais confiável (65%).

CEOs enfrentam um novo desafio: precisam navegar, ao mesmo tempo, por uma epidemia de desinformação e fornecer informações de credibilidade para os diversos stakeholders que atendem.

As empresas assumem novas responsabilidades com os funcionários que procuram atualizações e diretrizes de proteção e segurança em relação a Covid-19; com consumidores, que procuram fontes honestas e transparentes sobre como os produtos ou serviços de uma empresa beneficiam a si e ao mundo em geral; e cominvestidores, que exigem relatórios de status sobre melhores práticas de governança corporativa.

AQUI ESTÃO ALGUMAS CONSIDERAÇÕES PARA OS LÍDERES EMPRESARIAIS QUE NAVEGAM NA ERA DA INFODEMIA: 

Primeiro, seja absolutamente rigoroso com o conteúdo que você produz. As empresas e seus líderes devem proteger a integridade das informações que distribuem em domínio público. Cada função de comunicação, marketing e relações públicas precisará de sua própria equipe de verificadores de fatos para validar informações e citar fontes.

Segundo, entenda seu público crescente e diversificado. A operação da produção de conteúdo de cada empresa será diferente, mas os líderes devem assumir a responsabilidade de se comunicar diretamente com um número cada vez maior de stakeholders – de funcionários e membros da comunidade a consumidores, acionistas, formadores de políticas, entre outros. Seja honesto sobre como os anúncios, ações e prioridades da sua empresa afetam cada grupo  e certifique-se de destacar os porta-vozes mais confiáveis, informados e relevantes para entregar essas mensagens.

Por último: dê o exemplo e convide outras pessoas a se juntarem a você. Quando um nível desproporcional de responsabilidade é colocado em uma única instituição (nesse caso, as empresas), toda a nossa sociedade sofre. Os líderes empresariais têm a oportunidade de fazer parcerias e incentivar seus pares na mídia. É possível  fazê-lo investindo em jornalismo de qualidade; reforçando as notícias locais escrevendo sobree firmando parcerias de mídia que chamem atenção para as questões mais urgentes do dia. Também é preciso reconhecer seu poder de remover incentivos financeiros à desinformação, direcionando verbas de publicidade apenas para empresas e plataformas de mídia que se comprometem com estruturas “anti-desinformação”.

A mídia pode ser o principal alvo da culpa pelo nosso problema de desinformação, mas seus líderes não podem resolver a infodemia sozinhos.

As empresas devem agir, especialmente à medida que nos aproximamos das eleições de meio de mandato nos EUA e do terceiro ano de uma pandemia . Se os líderes empresariais puderem enfrentar esses desafios, eles ajudarão a acabar com esse perigoso círculo de desconfiança, restaurando o equilíbrio entre as instituições – e melhorando a cultura, as comunidades e os resultados de suas próprias empresas no processo.

Lisa Osborne Ross é CEO dos EUA.