Está em tramitação na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo um projeto de lei, apresentado em agosto de 2020 pela deputada estadual Marta Costa (PSD), que pode impor retrocessos ao mercado de comunicação. O PL 504/2020 pede a proibição “da publicidade, através de qualquer veículo de comunicação e mídia de material que contenha alusão a preferências sexuais e movimentos sobre diversidade sexual relacionados a crianças no Estado” por trazerem “desconforto emocional a várias famílias” e exercerem “inadequada influência na formação de jovens e adolescentes”. Em 14 de abril, teve parecer favorável em três comissões com o argumento de que “se faz pertinente, uma vez que tem como objetivo proteger a infância e a adolescência”.

Gera, no mínimo, um misto de exasperação e tristeza saber que, em meio à pandemia, essa seja a pauta escolhida para tramitar em regime de urgência na Alesp, quando há questões que não podem esperar relacionadas ao acesso à saúde, ao desemprego e à desigualdade. Escolhas como essa talvez ajudem a explicar o fato de que o Governo é a instituição menos confiável, detendo a confiança de apenas 39% dos brasileiros, de acordo com o estudo global Edelman Trust Barometer 2021.

Em 2021, não é mais aceitável que tenhamos retrocessos ligados a direitos garantidos por lei, ataques contra liberdades individuais, representatividade e anulação de formações familiares diversas; essas sim expostas, agora, a um desconforto emocional. O projeto de lei é discriminatório contra a comunidade LGBTQIA+, o que por si só já vai na contramão da Lei Estadual nº 10.948, aprovada na mesma Assembleia em 2001. Claramente inconstitucional, o PL também extrapola as atribuições da Alesp, já que a regulação publicitária é federal.

O mercado de comunicação sempre esteve na vanguarda da representatividade e, já há alguns anos, vem se reestruturando internamente para não só para falar sobre, mas também para aplicar esse discurso às próprias empresas de comunicação. Quando se trata de diversidade, equidade e inclusão, é sabido que estamos em constante aprendizado e ainda há um longo caminho para se atingir a diversidade plena nas organizações, e a Edelman se inclui nessa etapa de evolução. Mas, não é tolerável, de maneira alguma, retroceder nessa jornada.

O EdelMais, o grupo de diversidade, equidade e inclusão da Edelman Brasil, vem desenvolvendo, desde o fim de 2019, ações internas para fomentar uma cultura mais diversa. Esse é também um dos nossos principais pilares globais para 2021. Entre outras iniciativas, o grupo já provocou a adaptação do nosso processo de Recrutamento & Seleção, promoveu importantes debates internos e constantes ações de conscientização, criou bancos de dados com fornecedores e formadores de opiniões mais diversos, se uniu às lideranças – que têm engajamento proativo – e sempre busca tratar de forma interseccional o assunto, seja no recorte LGBTQIA+, racial ou de pessoas com deficiência, por exemplo.

Também são estimuladas conversas sobre diversidade, equidade e inclusão com clientes da nossa holding. Alguns deles, inclusive, se uniram a  diversas outras marcas e se posicionaram publicamente contra esse retrocesso, como é o caso do Grupo Heineken, LinkedIn e Avon.

Consciente do caminho que ainda tem pela frente, a Edelman Brasil se posiciona contra ações que promovam retrocessos. Por isso e por todas as pessoas LGBTQIA+ de dentro e de fora da nossa equipe, aderimos à campanha #LGBTNãoÉMáInfluência e dizemos publicamente #AbaixoPL504 e #NãoAoPL504.

EdelMais é o grupo de Diversidade, Equidade e Inclusão da Edelman Brasil.