Mais do que qualquer outro mês, dezembro de 2020 trouxe muitos desejos de que 2021 fosse “mais leve” ou que, ao menos, não fosse tão imprevisível e desafiador quanto o ano que se encerrava. Mas, estamos apenas na primeira quinzena de janeiro de 2021 e, nesses poucos dias, já vimos inúmeras discussões sobre vacinas que são (ou não) eficazes, falas de governantes que estremecem economias já fortemente abaladas, ações policiais que levam à perda de vidas inocentes, invasão ao centro político daquela que é considerada a maior democracia do mundo, novos lockdowns ao redor do mundo, entre outros acontecimentos. Em meio a tudo isso, acompanhando e tentando dar conta das notícias, estão os profissionais de comunicação, em especial os de relações públicas.

Fazer com que empresas de diferentes portes, práticas e setores se destaquem em meio aos principais veículos de comunicação – reforçando posicionamentos, conquistando novos consumidores e retendo públicos já conhecedores daquela marca – sempre foi um desafio, principalmente com o crescente volume de informações e notícias que recebemos de todos os cantos do mundo – e a todo tempo. Com a chegada da pandemia, então, nem se fala. Planejamentos foram descartados ou revistos por completo, o digital ganhou ainda mais força, e também cresceram os espaços de fala de muitos grupos, que levaram ao engajamento de consumidores cada vez mais atentos.

Em meio a esse turbilhão, como prever 2021?

A PRWeek consultou diferentes profissionais de comunicação no Reino Unido, pedindo exatamente que cada um trouxesse uma previsão do que esperam para este novo ano, e o sentimento geral é de otimismo e de que a indústria de comunicação tem força – e fôlego – para aplicar melhores práticas de trabalho frente ao que foi feito em 2020, além de prezar por comunicações mais direcionadas e empáticas. Trabalhar com propósito nunca foi tão necessário. Além disso, é essencial transmitir confiança no que a empresa está fazendo, nas ações que estão sendo tomadas, e fazer com que suas mensagens se aproximem cada vez mais da realidade dos consumidores.

Para empresas do setor de turismo, por exemplo, será preciso manter a cautela no que é comunicado, pois muitos viajantes ainda não se sentem confortáveis em viajar, além do fato de que as prioridades de muitas pessoas mudaram nesse último ano – o desejo de viajar segue presente, mas fatores-chave, como economia, têm um papel enorme em qualquer planejamento. Ao mesmo tempo, empresas do setor de produtos de limpeza devem trabalhar uma comunicação transparente e informativa, reforçando que estão atentas às necessidades de seus consumidores e que, juntos, alcançarão a linha de chegada.

De modo geral, talvez tenhamos saído da fase de adaptação e transformação para uma etapa de atualização e desenvolvimento. Empresas ao redor do mundo viram o que deu certo e o que deu errado, testaram e aprenderam. Orçamentos provavelmente serão reduzidos em determinados setores, mas a criatividade para atualizar uma campanha que já está em andamento, por exemplo, ganha espaço. Fazer mais com menos em termos materiais, mas fazer mais com mais valor, propósito e empatia. Não comprar brigas que já estão praticamente perdidas, trabalhar e lutar por diferentes causas – desde que sejam verdadeiras à missão da empresa –, pensar em todas as plataformas em que seu público está. Em vez de previsões para 2021, esses talvez sejam os desejos para este ano que começou.

Roberta Amazonas é Executiva de Contas Sênior na Edelman Brasil