Com um universo digital cada vez mais dinâmico e multiplataforma, a capacidade de adaptação é essencial para as estratégias em 2024

Em um mundo tomado por desafios pessoais e coletivos, os consumidores buscam cada vez mais por interação constante e significativa com as marcas. Nosso Relatório Especial do Edelman Trust Barometer 2023: O Colapso do Funil de Vendas demonstrou que 71% dos respondentes globalmente consideram mais importante confiar nas marcas que compram hoje do que no passado e 79% interagem diretamente com elas de forma constante. 

Somamos a esse cenário os rápidos avanços tecnológicos e o crescimento do uso da inteligência artificial, novos formatos de conteúdo e trends dominando nossos feeds (e desaparecendo) a todo momento. Na era da informação e da inovação, acompanhar a velocidade das mudanças no ambiente digital de forma autêntica e reforçar a relação de confiança com consumidores é um desafio constante para as marcas.    

Observando os padrões e tendências que moldam nosso mundo atualmente e em conversas com nossos líderes de estratégia digital na América Latina, chegamos a alguns fatores essenciais para consideração em estratégias para 2024: 

1. Autenticidade antes de tudo

Em um ambiente digital dinâmico, em que os usuários são atingidos por inúmeras mensagens ao longo do dia, em distintos pontos de contato, garantir autenticidade é fundamental para que marcas conquistem atenção e relevância. Isso significa ir além do que já está nas redes sociais, criando narrativas capazes de reforçar a identidade da marca, seus valores e propósitos. Para isso, é necessário focar nas características que a tornam única, além de trazer histórias que fujam do comum. Narrativas disruptivas, que miram a quebra da 4ª parede, fazem com que a audiência se sinta única e se conecte com as marcas de forma mais humana e relevante.

2. O fator humano da inteligência artificial

Não é novidade que o uso de ferramentas de inteligência artificial tem revolucionado a maneira como tecnologia e comunicação se relacionam. Segundo uma pesquisa da Kantar, 67% dos profissionais de marketing estão positivos com as possibilidades da IA generativa. É fato que a IA proporciona facilidade e rapidez nos processos criativos, sem mencionar que seu uso caracteriza a democratização da criação de conteúdo e, consequentemente, um mercado mais competitivo. Neste sentido, em meio a tantos textos gerados automaticamente, contar com o fator humano no processo de criação e revisão de conteúdo é essencial para que as marcas continuem conquistando a atenção de seus públicos de forma inovadora. Isso implica em um alinhamento estratégico que envolva profissionais humanos e especialistas em IA, o que influenciará diretamente no aumento da demanda por profissionais fluentes em ambos os campos. 

3. Portfólio digital mais dinâmico

Falando em conteúdo para as redes sociais, a palavra de ordem é elasticidade: cada vez mais será necessário ter estratégias editoriais mais flexíveis quanto ao planejamento de conteúdo. Um plano anual, semestral ou até mesmo trimestral, já não é mais o ideal: é necessário estar atento às tendências e surfar no momento, entender quais são as discussões e assuntos em alta enquanto eles ainda são quentes. Coragem criativa e a disposição para assumir riscos e desafiar o status quo são essenciais para produzir trabalhos inovadores e impactantes.
Quando pensamos em conteúdos mais dinâmicos, estamos falando em explorar a curiosidade e convidar os usuários a participarem dos processos criativos, o que colabora com a construção de confiança e de engajamento constante com as marcas em plataformas digitais. Inovar também significa levar a audiência para a ação, promover um impacto que o convide a agir. O público também busca por conversas, eles querem fazer parte de algo, serem ouvidos – portanto, esteja pronto para receber feedbacks

4. A vez da descoberta intuitiva

Pensar em descoberta intuitiva é olhar de uma nova maneira para a forma como as pesquisas acontecem. Com a popularização das redes sociais e o surgimento de novas tecnologias, nota-se uma união entre plataformas e ferramentas de pesquisa: os usuários passaram a buscar informações e produtos dentro das mídias. Portanto, é essencial que as marcas construam estratégias que atinjam seu público durante sua jornada de descobrimento e despertem seu interesse em momentos inusitados, e não apenas enquanto ele estiver buscando por algo. 

Os usuários querem descobrir coisas novas, viver experiências diversas, se surpreender e criar conexões, seja uns com os outros, com as marcas ou influenciadores. Histórias disruptivas e inspiradoras são uma ótima oportunidade para chamar atenção e criar uma verdadeira conexão com o público. 

5. Conteúdos sem fronteiras

A Internet mostrou que é possível chegar em muitos lugares apenas com alguns cliques: hoje, o consumo de conteúdo é global, permitindo a exploração de diferentes culturas, lugares, costumes e influenciadores. Conteúdos sem fronteiras estão se tornando uma tendência, a exemplo de Khaby Lame, tiktoker senegalês que ficou famoso pelos seus vídeos sem fala. Sem usar nenhum idioma, além de gestos universais, o influenciador conseguiu romper barreiras e ser compreendido por pessoas ao redor do mundo, fazendo-o atingir uma escala global. Outro exemplo foi o do chefe e influenciador japonês Bayashi TV com seus vídeos de culinária, também sem língua ou narração específica, conquistando pessoas de diversos locais ao mostrar o preparo simples das receitas, sem limitação linguística.

O entretenimento sem fronteiras chegou para inovar na indústria: conteúdos nos quais as imagens falam por si só possibilitam que as marcas quebrem barreiras e conquistem públicos de outros países e continentes. Os usuários gostam de explorar conteúdos e buscar respostas fora da sua zona de conforto, abrindo possibilidades para as marcas explorarem novos espaços e conquistarem públicos diversos. 

Neste quesito, uma dica essencial para as marcas é a diversidade e a colaboração dentro dos processos de criação: quanto maior a pluralidade dentro das equipes, maior será a variedade do conteúdo e, consequentemente, a capacidade de atingir públicos mais diversos. Vozes variadas e formatos colaborativos possibilitam mostrar diferentes perspectivas, alcançar inúmeras pessoas e fortalecer as conexões com audiências distintas. 

6. CEOs mais presentes e conexões mais humanas

Quando as redes sociais encontram o mundo do trabalho, executivos tornam-se influenciadores digitais, criando um novo ponto de contato com os colaboradores e expandindo o alcance da marca no mundo corporativo. 

A figura do CEO pode ser uma ótima oportunidade de humanizar o relacionamento da marca com suas audiências, criando laços mais transparentes. Neste sentido, ao tornar o executivo mais presente nas redes sociais, promovendo assuntos do universo profissional com um toque mais pessoal, como sua rotina e hobbies além de backstages da liderança é possível gerar uma conexão mais intima com o público e despertar conversas verdadeiras.  

Executivos bem-posicionados colaboram para a reputação da companhia, gerando confiança e trazendo mais segurança para stakeholders. Além disso, destacar líderes como especialistas em suas áreas é uma forma de traduzir visões distintas de mercado e gerar mais credibilidade para a companhia, ampliando seu raio de influência e contribuição para os resultados de comunicação e de negócio. 

Empresas que estejam atentas as essas tendências poderão garantir vantagem competitiva em 2024. Os avanços tecnológicos, como a inteligência artificial e novas ferramentas de pesquisa, além da diversificação de conteúdos e a amplificação de identidades autênticas, formarão grandes oportunidades para as empresas ao longo deste ano. As estratégias precisam ser dinâmicas, e as empresas devem estar dispostas a se adaptarem. 

Nathalie Folco, VP de Operações Digitais da Edelman para a América Latina