Aqui vai um resumo das considerações que apresentei em minha fala hoje em uma assembleia com todos os colaboradores.

Como líder de uma família de empresas, tenho refletido profundamente desde o verão [do hemisfério norte]. Os eventos climáticos extremos me assustaram – como as enchentes na Alemanha, os incêndios na Califórnia e no Ártico, os ciclones em Bangladesh e o catastrófico relatório da ONU. Agora, apenas alguns dias após o encerramento da COP26 em Glasgow, está claro que devemos nos esforçar para fazer mais. A importância dessa reunião não pode ser subestimada. O Pacto Climático de Glasgow reafirma a ambição de que o mundo limite o aquecimento a 1,5ºC. Mas não estamos no caminho certo. O governo não conseguiu. Temos que nos juntar ao setor privado. Precisamos fazer tudo o que pudermos para chegar o mais perto possível dessa meta. Apelos vindos de vocês me fizeram pensar que devemos fazer mais. Somos a maior agência de nosso mercado. Nos últimos 18 meses, temos trabalhado juntos para nos ajudar e ajudar nossos clientes no enfrentamento de múltiplas crises – covid-19, racismo estrutural, ameaças à própria democracia. Temos a responsabilidade de fazer o mesmo em relação à emergência climática. Estamos construindo quem queremos ser no futuro: uma agente de mudanças e parceira de empresas que farão mudanças.

Penso assim:

  • A emergência climática é a maior crise que enfrentamos enquanto sociedade. As consequências de descumprir as metas do Acordo de Paris – tratado global para mitigar os impactos mais perigosos das mudanças climáticas – são consideradas devastadoras.
  • Devemos todos – cada um de nós, cada empresa e governo – desempenhar um papel para fazermos parte da solução. Avanços serão feitos com o engajamento de todos que forem honestos e comprometidos – isso inclui todos os mercados e setores. Precisamos de uma abordagem inclusiva, que seja bastante abrangente, senão não chegaremos aonde precisamos nesta jornada.
  • E, com a população chegando a quase 10 bilhões de pessoas até 2050, precisamos garantir que a transição para uma economia de baixo carbono seja equitativa. Isso inclui fornecer mais energia, cada vez mais limpa, e segurança alimentar para atender às crescentes demandas.
  • Neste contexto, refletimos atentamente sobre quais empresas atendemos. Temos orgulho de nossos relacionamentos com clientes. Nosso portfólio evoluiu ao longo dos anos e paramos de trabalhar em certos setores conforme fomos aprendendo. Reconhecemos a importância de nosso trabalho – escutamos, aprendemos e nos adaptamos.
  • O ativismo tem um papel legítimo a desempenhar, chamando atenção para a emergência climática. Nós saudamos essas iniciativas.
  • Sinto orgulho de termos na Edelman uma cultura de colaboradores movidos por suas convicções, e me encontrei com funcionários que são fervorosos e bem informados sobre todos os aspectos dessa questão. Estou ansioso para dialogar mais com eles.

Estes são os princípios que guiarão nossa evolução enquanto agência:

  1. Trabalhar com quem está comprometido com acelerar ações. Temos um potencial enorme de acelerar mudanças por meio de consultoria, de suporte e dos desafios de nossos clientes. Vamos nos empenhar fortemente na tarefa que temos pela frente.
  2. Priorizar a ciência e os fatos. Visamos a um público mais bem informado sobre as questões climáticas para viabilizar ações imediatas e equitativas. Seremos guiados APENAS pela ciência e basearemos nosso trabalho em dados objetivos, reais e fundamentados.
  3. Promover os melhores padrões e práticas. A comunicação tem um papel crucial no enfrentamento da emergência climática. Trabalharemos coletivamente em todo o nosso mercado para desenvolver boas práticas em comunicação na área climática.
  4. Assegurar a inclusão. Vamos inserir nossos colaboradores, de todos os níveis e com as mais diversas opiniões, na discussão sobre nosso trabalho relacionado com as mudanças climáticas. Escutaremos e respeitaremos toda a diversidade de pontos de vista. Isso significa escutar todas as pessoas, inclusive as que nos criticam.
  5. Foco em uma transição justa. Combater mudanças climáticas implica mudar os sistemas. Precisamos nos focar em como as mudanças climáticas afetam pessoas, meios de subsistência e comunidades. Isso inclui trabalhar pela requalificação de quem for afetado pela transição energética, mas também preparar quem estiver sob risco de inundações e outros desastres naturais para emergências.
  6. Responsabilização. Assumimos nossa responsabilidade e a de nossos clientes pelo avanço contínuo, com transparência nos resultados por meio de divulgações regulares.

Com base nesses princípios, que passam a valer desde já, estas são as medidas que tomaremos:

  1. Durante 60 dias, faremos uma revisão do portfólio com base em nossos princípios. Vamos avaliar nosso trabalho em marketing, relações públicas, reputação corporativa e digital. Já iniciamos essa revisão e divulgaremos os resultados dentro de 60 dias. Essa avaliação nos ajudará a estabelecer os padrões para nosso trabalho avançar.
  2. Definiremos e divulgaremos critérios baseados na ciência e em valores para o trabalho com clientes. Isso vai além de nosso princípio de não aceitar trabalho de quem quer negar as mudanças climáticas. Não pegaremos nenhum trabalho que mantenha o status quo ou que tenha um foco em atrasar o progresso rumo a um futuro de carbono zero. Vamos apoiar empresas que estejam comprometidas com o Acordo de Paris e que divulguem com transparência seu próprio progresso na aceleração da transição para zerar suas emissões líquidas. Continuaremos usando nossa plataforma Trust para motivar os comportamentos certos, incluindo os estudos recentes sobre a confiança de investidores quanto a sustentabilidade e ESG. Nossos insights sobre confiança nos permitem facilitar colaborações e ações inéditas entre todos os setores, clientes e pessoas. Usaremos nossa força de comunicação para impulsionar mudanças comportamentais e inovações no mercado consumidor.
  3. Vamos nos unir com nossos colegas para formalizar critérios claros para a comunicação sobre clima — verdades e fatos que proporcionem boas decisões. Garantiremos que as afirmações sobre sustentabilidade sejam facilmente fundamentadas para assegurar que os consumidores consigam confiar nas comunicações de marketing. Vamos trabalhar com órgãos regulatórios e com líderes setoriais, tais como a Federação Mundial de Anunciantes e a Associação Americana de Agências de Publicidade. Também vamos desenvolver, em conjunto com universidades, um currículo que estabeleça boas práticas para a comunicação global relativa ao clima – para nossas equipes, nossos clientes e o mercado como um todo.
  4. Estamos investindo em nossa expertise sobre mudanças climáticas. A partir de agora, temos a Edelman Impact, uma nova unidade global criada para aproveitar a expertise de todos os nossos serviços relacionados com ESG, Propósito e Sustentabilidade. Martin Whittaker, CEO da JUST Capital, é conselheiro sênior e o líder da Edelman Impact, e Roberto Casamento chega para ser nosso primeiro chefe global de Clima. Deanna Tallon atuará no cargo recém-criado de diretora administrativa de Sustentabilidade. Essas contratações vão reforçar o já poderoso time global de líderes da Edelman nas áreas de Propósito e ESG. Precisamos trazer a melhor expertise externa, assim como fizemos para enfrentar outros desafios importantes, como a covid e a equidade e democracia raciais.
  5. Criaremos uma força-tarefa interna, junto aos colaboradores, para orquestrar dentro da Edelman uma série de conversas sobre a emergência climática e sobre como a Edelman pode ter papel ativo na promoção de soluções responsáveis. Esse grupo, formado por colaboradores de diferentes gerações, níveis hierárquicos e ideologias, vai angariar contribuições de colegas e ajudar a formular e desenvolver nossa estratégia. A liderança sênior da agência vai escutar. E, embora nem todos concordemos, devemos respeitar uns aos outros – tendo um diálogo construtivo entre nós e com nossos clientes. A Edelman funciona como um time global, e quero que todos os integrantes desse time se apoiem mutuamente nesse esforço.
  6. Instituiremos um comitê independente de clima e sustentabilidade no nível da diretoria. Isso vai garantir que nos responsabilizemos por nossos compromissos. O comitê será conduzido por um membro do conselho administrativo da Edelman, para que sigamos em frente e nos responsabilizemos por nossos compromissos. Vamos criar e distribuir um relatório periódico sobre o que estamos fazendo e o quanto avançamos em nossos princípios e ações.
  7. Daremos o exemplo em nossas próprias operações. Nosso conselho administrativo assumiu o compromisso de estabelecer uma meta baseada na ciência alinhada com o aquecimento de 1,5ºC. Reduziremos viagens aéreas, adotaremos o trabalho híbrido e diminuiremos os espaços de escritório (três itens tangíveis aos quais seremos fiéis). Vamos submeter nossa meta à iniciativa Science Based Target para termos validação independente e relatarmos nosso progresso.

Sendo uma agência de comunicação independente baseada na confiança, temos a responsabilidade e o privilégio de fazer parte da solução para o clima. Para nossos clientes, as mudanças climáticas representam um desafio em termos de consumo, tecnologia e cadeia de suprimentos. Para nós, trata-se de uma obrigação a ser cumprida. Como  disse Sir David Attenborough: “Salvar o planeta agora é um desafio de comunicação". Mudaremos as regras do jogo ao colocarmos toda a força da Edelman nisso, pois somos capazes de educar e ajudar a mudar comportamentos. Vou ser bem claro: a emergência climática exige ações urgentes. E eu quero que a Edelman seja a agência preferida por qualquer organização comprometida com o clima. Hoje damos o primeiro passo na próxima fase desta agência. Estamos evoluindo por meio de princípios e ações ambiciosos. Não há tempo a perder – vamos, diariamente, colocar o melhor da Edelman a serviço desse desafio global.

Richard Edelman é o CEO da Edelman.